terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Resumo dos capítulos 2, 3 e 7 do livro "A Família em Rede", de Seymour Papert

Capítulo 2 e 3

Dois grandes grupos de sujeitos falam-nos acerca da revolução digital, mas manifestam-se com diferentes pontos de vista. Os ciberutópicos acreditam nos milagres da era digital, enquanto os cibercríticos alertam para os possíveis e terríveis perigos. Para Papert ambas estas posições estão erradas, mas correctas de um ponto de vista superficial, visto que os utópicos acreditam nas oportunidades da revolução digital. O autor concentra-se apenas na aprendizagem, pois esta representa um problema da sociedade actual.
A utilização do computador permite alterações nas relações humanas fortemente ligadas à aprendizagem, relações intrafamiliares, relações entre professores e alunos e relações entre pares com interesses comuns. Assim, a aprendizagem terá outro nível de sucesso quando o aluno participa de forma voluntária e empenhada. O computador permite que as crianças possam construir o seu conhecimento através da experimentação, da participação activa na construção do saber. O medo de usar o computador torna-se por vezes um inibidor por parte daqueles que o querem manusear.
Papert chama aos educadores ciberavestruzes pois estes mostram grande interesse pela nova tecnologia mas na prática não conseguem “soltar-se” dos planos e métodos tradicionais. Este autor critica a política educativa relativa ao uso dos computadores, pois estes planificam o trabalho de computadores através de uma visão restrita. Salienta ainda que o importante é que as crianças saibam manusear e utilizar o computador e a partir daí irão desenvolver novas competências, nomeadamente fluência tecnológica.
Existem dois conceitos fundamentais para justificarmos a entrega do computador às crianças: fluência tecnológica e literacia informática. A fluência tecnológica adquire-se com a constante utilização, enquanto a literacia informática é conhecer o equipamento e saber manuseá-lo, saber que o equipamento é uma ferramenta e que está à “espera” que a utilizemos.
Papert refere que a aprendizagem deve ser um trabalho em projecto, ou seja, o professor deve fazer projectos para que as crianças aprendam de forma autónoma e, assim, desenvolvam as suas competências nesta área computacional.
Muitos pais “ingénuos” colocam as crianças à frente de computadores, acreditando que, se a criança responder às perguntas que o computador lhe coloca e deparada de imediato com um certo ou errado, estará a aprender. Outros, ainda admitem que assim a criança estará sossegada durante algum tempo. No entanto, não entendem que estas perguntas feitas pelo computador podem não estar de acordo com o que se considera que devem aprender. Não sabem que existe uma variedade de softwares educativos que ajudam na aprendizagem das crianças com o desenvolvimento das capacidades de investigação, a resolução de problemas, entre outros.
Neste capítulo (3), o autor expõe três formas de desencadear aquela energia e concentração com que as crianças ficam perante os jogos vídeo. Um primeiro modelo sugerido é a abordagem instrucionista. Nesta abordagem, teríamos de fazer um jogo onde o principal objectivo era os jogadores terem de responder correctamente a pequenos problemas de multiplicação, por exemplo, antes de continuarem com o jogo. Uma outra forma iria ser a abordagem construcionista, onde as crianças teriam de elaborar os seus próprios jogos. Para isso, teriam de explorar a programação do computador, adquirindo alguns conhecimentos incluídos nos currículos escolares. Por último, a terceira forma seria a abordagem do aprender sobre a aprendizagem. Nesta abordagem existe um forte empenho em discutir com as crianças estratégias para a sua própria aprendizagem.


Capitulo 7

A ESCOLA

Papert, no capítulo 7 da sua obra “Família em rede” aborda a Escola como sendo uma instituição que não evoluiu no que diz respeito às novas tecnologias, sendo essa a sua preocupação. Para o efeito, debruça-se sobre o que é necessário para que tal aconteça. Assim, a Educação precisa de uma mudança tecnológica para desta feita evoluir de uma forma positiva e activa.
Para que na escola exista uma mudança tecnológica, Papert considera que "devia haver um maior número de pais a prestar atenção à política de utilização dos computadores na escola que os filhos frequentam!" Para o autor, é importante que os pais se preocupem com a Escola dos seus filhos no sentido de compreender qual o tipo de aprendizagem que a mesma utiliza, na medida que ”um grande número de pais nem sequer sabe muito bem o que é que as escolas estão a fazer nesta área (…)”.
Por outro lado, existem pais que em casa usam o computador para desenvolver nos seus filhos a cultura da aprendizagem nesta área, contudo, não prestam atenção ao modo como é que os seus filhos aprendem estes conceitos na escola. Papert afirma que "de um ponto de vista político, a forma segundo a qual os computadores são usados - ou não são usados - para melhorar a Educação, pode ter importantes consequências no futuro do país e do próprio mundo e, naturalmente, em cada um de nós e na nossa família.”

O autor dá também um exemplo de como a escola pode ser o entrave à mudança tecnológica, e para o efeito dá o exemplo da menina que sentia-se triste por não poder fazer os trabalhos de casa no computador, na medida que em sua casa a mãe a motivava para o uso da tecnologia, já na escola o professor negou-lhe o uso das novas tecnologias. Mais tarde a mãe preocupada com a “frustração” da filha, questionou o professor acerca desta situação. O professor fundamentou que era uma regra anticomputador e que os pais ficariam preocupados se os seus filhos não treinassem a caligrafia.
Segundo o autor, a escola não sofreu grandes mudanças que poderiam ser debatidas por muitos educadores (Avestruzes), mas também por muitos que se esforçam para preparar um futuro diferente.
Primeiramente é necessário estabelecer uma escala de mudança, que vá da micromudança até à megamudança. Em relação a micromudança implicaria trabalhos com uma dimensão tão pequena que seria impossível não os por em prática (utilização do processador de texto para escrever os trabalhos de casa e utilização do computador como pesquisa). Já a Macromudança envolverá um ideal que definirá orientação das mudanças mais pequenas.
A escola é uma área que não sofreu grandes alterações porque mesmo numa sala de aula onde em cada carteira se encontre um aluno com um computador a mudança não será assim tão grande. Mas a verdadeira megamudança só irá acontecer quando houver participação activa dos alunos em projectos que constituem desafios. Assim, a tecnologia vai assumir um duplo papel: como meio de comunicação (material) e como canal de comunicação e transmissão de informação permitindo que as crianças possam aceder aos conhecimentos porque necessitam deles e não porque lhes é imposto.
É importante ter a percepção que ter um computador ligado à internet numa sala de aula não constitui um simples passo à verdadeira mudança. No entanto, é ainda fundamental valorizar a introdução dos computadores nas escolas pois estes irão criar oportunidades de mudança nas mesmas.
A revolução da aprendizagem passa pelo grande aumento de pessoas que se dedicam aprender todo o tipo de assuntos ou seja implica alterações que levam a repensar sobre a maneira de aprender. Contudo, a forma mais poderosa de mudança reside nas crianças pois estas constituem agentes activos da mesma. Este facto oferece aos alunos grandes compensações e novas oportunidades na forma de aprender.
Um professor progressista sabe bem como usar o computador como instrumento de mudança mas no entanto a escola pode asfixiar esta aplicação mal apareça. Isto vai constituir um movimento accionado por alguma ignorância sobre o computador. Neste caso, é importante agir estrategicamente e apoiar o desenvolvimento profissional dos professores. O professor deve apoiar a utilização do computador onde o discente está a usá-lo devidamente e não aprender coisas sobre ele. A melhor estratégia para causar a mudança consiste em reunir um grupo de pessoas que estejam dispostas a encontrar o melhor caminho para o desenvolvimento das suas ideias.


Livro “ Família em rede “ Prefácio de Nicholas Negroponte

Discentes:
Marisa Silva n.º 2086409
Carla Silva n.º 2060609
Telma Vasconcelos n.º 2016708